quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Banal

Tão inspirado e tão vazio ao mesmo tempo. A vontade de transformar vem junto com o desânimo catastrófico à sua melhor maneira existencial. O mundo aqui fora tem problemas diferentes. Cada minuto que o relógio conta, não volta. Óbvio? Talvez nem tanto. Mas o que é óbvio, para os pensamentos nublados, é que o tempo que dura cada minuto que passa é inversamente proporcional a esse mesmo tempo que já vivemos, e viver cinco anos daqui pra frente jamais será a mesma coisa que os cinco anos que passaram de cinco anos pra cá. É menos. E cada vez diminui, e cada vez vai sempre diminuir. Inevitável pensar que o fim disso está mais próximo do que pensamos. De tudo. E então voltamos: a vontade de transformar vem junto com o desânimo catastrófico à sua melhor maneira existencial. Tudo acaba um dia. Então porque sobrepor-se a outro? Poder, exploração, consumismo, intolerância, aparências. PRA QUÊ, se um dia fomos pó e fatalmente o tornaremos a ser? Permita-se pensar e agir. Permita-se aceitar o que te é estranho. Permita-se não estar nem aí pra essa merda feita com tal papel tão característico ao toque. De olhos fechados todos o reconheceriam, e de pronto viria a pergunta: "é de quanto?". Perceba, é só um papel. São números, que de alguma forma passaram a ditar o quando você vale nesse mundo. E o tempo passa, cada vez menor. Cada vez mais rápido. Implacável. De repente nos tornamos bilhões de tontos, cada um empenhando-se neste tempo cada vez mais curto a ganhar mais e mais para, quem sabe um dia, conseguir provar seu valor. Eles conseguiram.
Tem alguma coisa errada.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Re-volta

Fez-se desnecessário o grito desesperado daquilo que fazia lembrar o que ainda não havia acontecido. E onde uma vez pareceu tender ao saudosismo, agora não dava sinais de resistência.
Era seco e sua vontade era apenas de partir. Ir embora, sem relutância ou qualquer hipocrisia... Não queria terminar como aquele. Sentado em uma cadeira vendo o tempo passar, tão vago de memórias que seu passado remoto viria à tona sem dificuldades.
Seu rumo seria decidido assim como o curso de um novo rio que se desenha dentre as brechas da paisagem. Sem saber como, porque ou quando, iria apenas se deixar levar. Estava na hora de algo novo.

domingo, 16 de maio de 2010

O Fabuloso Destino

Sinceramente eu não sei. Não que eu soubesse algum dia. Mas ultimamente sei menos ainda.
Acontece que esse vai e volta cansa. Esse não ter casa às vezes também cansa. Algumas vezes tudo o que quero é sentir que sou alguma coisa. A ânsia pela metamorfose foi tanta, que acontece sem querer agora. Por vezes não sei se é geografia, sociais, letras, filosofia ou até artes cênicas (ah, artes cênicas...). Não sei se é casa, rua, moradia, chão, fome, dinheiro, anarquia, capitalismo, supermercado, brechó, pedologia, campo, congresso, ônibus, bicicleta, filme, falta de comida, queijo caro, teatro teatro teatro, semana de arte, vinho barato, roupa, frio, muito frio, muitíssimo frio, calor, honestidade, sinceridade comigo ou com outro, carregador, Santos ou Ourinhos ou São Paulo, palha, sono, euforia.
Mas uma coisa é certa. Mesmo com tudo isso, sou sincero quando digo que é isso, é exatamente isso, o que eu sempre procurei. O tempo aqui corre diferente e o sentimento, traiçoeiro. É impressionante o que pode acontecer em uma semana, em um mês.
Aqui continuo. E sustentado pela certeza (uma das poucas) que nada disso está sendo em vão.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

O corpo percebe

Tentando entender que acima de toda essa matéria
há algo pelo que lutar
há algo a mais para viver
Gosto, e vejo certa beleza,
em estar à beira
E me deixa feliz perceber
que ainda há muito o que sentir.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Nem tanto

o asfalto quente já não o incomodava
e tudo parecia aliviar
tudo lentamente parecia seguir seu caminho
em direção à lata de tinta
que teria o poder de transformar

os aparelhos estão ligados e o tempo passa
duas palavras trocadas foram entendidas
não há mais tempo
as ligações perdidas não podem esperar

mas restou aquela dúvida
será? pensou
a cortina entreaberta denunciava um tempo estranho
que o senhor que entrega o jornal não havia comentado

e então ocorreu o erro que o marcaria
a confusão tomou conta e nada fazia sentido
os equilibristas simplesmente caíram
não havia nada para ser feito
e o palhaço chorou antes que a lona caísse sobre ele.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Para?

vou no outro caminho
e quando me olho no espelho
me assusto
vejo um homem passa na rua
aquém do mundo
percebendo o circo que o rodeia
e começa com seus devaneios

eu não tenho muito a dizer
e não tenho muito a fazer
mas tenho um curto tempo
quero alcançar tudo
quero viver para sempre
mas qual o ponto?
quero sobreviver
e mais
quero viver!
fazer barulho e incomodar
a quem, só depende de quem dita as regras
e não segui-las seria um prazer pessoal
mas acaba que sou
um hipócrita
um covarde
"que faz parte de uma geração sem peso na história"
das facilidades e inutilidades
não vivemos uma época
apenas o imediatismo imbecil
sem chance de momentos importantes
tudo é rápido, pré-cozido, plastificado
nada mais tem uma razão de ser
e não tem uma razão por ser
e não consegue ser por uma razão
apenas existe e está ali, de passagem

mas isso não basta.