sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Nem tanto

o asfalto quente já não o incomodava
e tudo parecia aliviar
tudo lentamente parecia seguir seu caminho
em direção à lata de tinta
que teria o poder de transformar

os aparelhos estão ligados e o tempo passa
duas palavras trocadas foram entendidas
não há mais tempo
as ligações perdidas não podem esperar

mas restou aquela dúvida
será? pensou
a cortina entreaberta denunciava um tempo estranho
que o senhor que entrega o jornal não havia comentado

e então ocorreu o erro que o marcaria
a confusão tomou conta e nada fazia sentido
os equilibristas simplesmente caíram
não havia nada para ser feito
e o palhaço chorou antes que a lona caísse sobre ele.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Para?

vou no outro caminho
e quando me olho no espelho
me assusto
vejo um homem passa na rua
aquém do mundo
percebendo o circo que o rodeia
e começa com seus devaneios

eu não tenho muito a dizer
e não tenho muito a fazer
mas tenho um curto tempo
quero alcançar tudo
quero viver para sempre
mas qual o ponto?
quero sobreviver
e mais
quero viver!
fazer barulho e incomodar
a quem, só depende de quem dita as regras
e não segui-las seria um prazer pessoal
mas acaba que sou
um hipócrita
um covarde
"que faz parte de uma geração sem peso na história"
das facilidades e inutilidades
não vivemos uma época
apenas o imediatismo imbecil
sem chance de momentos importantes
tudo é rápido, pré-cozido, plastificado
nada mais tem uma razão de ser
e não tem uma razão por ser
e não consegue ser por uma razão
apenas existe e está ali, de passagem

mas isso não basta.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Psicossomático

e então você dorme
tenta fugir da merda cotidiana
de quem pede ajuda
e não quer ser ajudado
de quem tenta ser perfeito
aperfeiçoando uma mentira
e você dorme
pra ver se consegue apagar
toda a energia desperdiçada
e sonha
talvez querendo fugir
talvez querendo imaginar outra coisa
fugir da hipocrisia
de quem quer ser amado sem amar
de quem quer receber sem oferecer
nada,
"Vinde a mim, tudo. Vosso reino, nada"
mas você acorda
e percebe que aquilo tudo é real
antes fosse igual ao sonho
fumaça roxa e visão turva
nada precisa de uma explicação
as coisas simplesmente não tem
não não não não não
e a mensagem chega agora
realidade batendo na porta
você age como idiota
por somente não saber o que fazer
e reina absoluto em você
a vontade de ir embora
a vontade de não estar aqui, agora

a vontade de não estar aqui, agora.